domingo, 16 de maio de 2010

Segurança Pública: Mudar pra onde? Mudar o quê?

O IDS - Instituto de Desenvolvimento Sustentável - promoveu um evento público, uma roda de conversa sobre Segurança Pública, com a brilhante participação de Marina Silva.

Participaram da roda o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, José Luiz Ratton, coordenador do Nucleo de Estudos e Pesquisas em Criminalidade, Violência e Políticas Públicas de Segurança da UFPE, o professor de Ciências Sociais da PUC-MG, Luis Flávio Sapori, Marcos Rolim e o advogado Oscar Vieira Vilhena, que também é professor da Fundação Getúlio Vargas.

Cada participante teve cerca de 20 minutos para apresentar suas idéias e ao final, nossa Marina concluiu , propondo a inclusão da sociedade civil na discussão.

As falas (postadas no Blog Oficial Marina Silva) foram de altíssimo nível, de indiscutível conhecimento da causa e de comprometimento com a questão da segurança pública.

Quero destacar a fala do antropólogo e cientista político, Luiz Eduardo Soares e também a de Luis Flávio Sapori, professor de Ciências Sociais da PUC-MG.

Luiz Eduardo, de forma acadêmica, discorreu sobre o fenômeno afirmando sobre a necessidade de uma reforma do Estado. Criticou os modelos de polícia e afirmou que 70% dos policiais rejeitam o atual modelo. Asseverou a necessidade de mudança, mas pra onde? O que mudar?

Sapori, por sua vez, reconheceu que temos hoje no Brasil um dos mais graves problemas sociais: A INSEGURANÇA PÚBLICA. Defendeu que as polícias possuem péssimas condições de trabalho, os equipamentos são arcaicos, os prédios onde funcionam as agências não são adequados etc.

Assegurou ainda, o professsor Sapori, que o policial deve ser valorizado, inclusive com relação ao salário. Concordou com as movimentações no sentido de que deve haver um piso nacional para o policial brasileiro.

Como policial que sou, fiquei surpresa com a fala de Sapori e acrescento: o problema do policial mineiro é ainda maior do que o dos outros Estados. Posso afirmar que o salário do Delegado de Polícia de Minas Gerais é o pior do Brasil.

Não acredito que possamos melhorar a Segurança Pública sem melhorar as condições de vida daqueles que protegem a vida. Estendo este pensamento também aos policiais militares, pois eles integram o sistema de segurança, assim como nós policiais civis. Lembro aqui a fala de Marcos Rolim que defendeu a MULTIPLICAÇÃO das polícias e não a unificação. Não se falou em integração.

Um comentário:

  1. Há muita confusão nessas discussões. A maioria delas começa por falar de segurança pública, mas desaguam, via de regra, em discutir polícia. E aí, surgem especialistas em segurança pública que querem fazer e acontecer com as polícias brasileiras, como se fossem elas as únicas responsáveis pelo problema. Em segurança pública, há que se cuidar do problema antes que ele surja, e nesse aspecto, o Estado é ineficiente e inócuo. Enquanto isso, as polícias são os "meninos de surras" do Estado, quando se precisa dar explicações à sociedade. Se for resolvida a questão prisional do Brasil, com investimentos maiores em penas alternativas do tipo prestação de serviços, poderemos então começar a discutir o problema, por que de nada adiantará o trabalho policial, seja ele civil ou militar, se o que impera é a certeza da impunidade, diante da leniência do Estado. Polícias para serem eficientes têm que ser bem pagas, e têm que ter corregedorias fortes para eliminar os focos de corrupção que corroem as bases do sistema de segurança pública. Enquanto isso, o povo continuará acreditando que o problema é só da polícia, que ela é a culpada de tudo, quando na verdade, ela só chega a atuar quando o Estado, em suas outras faces, não cumpriu adequadamente o seu papel. Não há receita exata para resolver a questão, mas me permito, como profissional, dar uma receitinha: a receita do trabalho. O Estado tem que trabalhar, agir, movimentar, fazer as coisas funcionarem. Nossos políticos precisam resgatar as vocações de estadistas, e pararem com a politicagem, que só beira aos interesses pessoais e aos "currais eleitorais". E tenho dito.

    ResponderExcluir