quarta-feira, 14 de abril de 2010

Corrida de obstáculos para mulheres

As mulheres representam 51% da população, 51,7% do eleitorado e 42% da população economicamente ativa no Brasil. Mas não chegam a ocupar 9% das cadeiras da Câmara dos Deputados, e são apenas sete entre os 77 parlamentares na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. É, como se vê, precária a situação delas do ponto de vista da ocupação de espaços políticos formais no Brasil. No quesito representatividade política feminina, o país, na América Latina, está à frente apenas de Colômbia e Haiti.

A professora e pesquisadora Marlise Matos, do Departamento de Ciência Política da Fafich (UFMG), tem uma imagem clara para descrever esse quadro. "A participação da mulher na política é uma corrida de obstáculos, que vão desde problemas de socialização e auto-estima até entraves típicos da estrutura dos parlamentares políticos, que é fundamentalmente patriarcal", explica. Marlise coordena o Núcleo de Pesquisas e Estudos sobre a Mulher (Nepem) da UFMG.

A lei não contribui para aumentar a presença feminina na política. Se é verdade que desde a década de 90 os partidos são obrigados a apresentar listas de candidatos com mínimo de 30%de mulheres, acontece também que aumentou o número máximo de candidaturas por partido, e essas organizações não precisam cumprir a cota se não atingem o teto de indicações - o que não é nada raro.

As dificuldades enfrentadas pelas mulheres não terminam antes das eleições, segundo Marlise Matos. Depois de eleitas, uma série de fatores complica sua permanência. "Os espaços são extremamente masculinizados. Os projetos das parlamentares têm pouca visibilidade dentro das próprias bancadas. E há casos de assédio moral e sexual o que faz com que algumas mulheres entrem em depressão e abram mão de seus mandatos", conta Marlise, que desde 2003 coordena a Rede Brasileira de Estudos e Pesquisas Feministas (RedeFem). Grande parte dos dados e impressões citados pela professora constam da primeira etapa da pesquisa A política na ausência das mulheres, realizada pela equipe do Nepem, sob sua coordenação.

Artigo originalmente publicado no Boletim da Universidade Federal de Minas Gerais, em 30-06-2008, pág. 4.

Esse artigo me fez lembrar da excelente atuação da Doutora Marlise Matos quando proferiu palestra em Divinópolis no Simpósio "Cidadania e Direitos Humanos", promovido pelo Projeto Vida Viva, em setembro de 2004. A pesquisadora, naquele mesmo ano, voltou a Divinópolis para capacitação e treinamento dos profissionais do Vida Viva, através do Nepem.
Concordo com Marlise Matos quando descreve que a participação política da mulher brasileira é uma verdadeira corrida de obstáculos em razão de problemas de socialização, auto-estima e entraves estruturais dos partidos. Posso garantir, contudo, que no Partido Verde me sinto a vontade e incentivada a participar dos espaços políticos.

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